quinta-feira, 1 de setembro de 2011

A nova estrela da moda tem 90 anos





































































































































Seus óculos, redondos como terrinas, emprestam um olhar assustado a Iris Apfel. Se ela parece surpresa, é por uma boa razão. Apfel, tema de uma série de exposições de museu, um livro na mesa do café e até mesmo uma campanha publicitária de moda, tem sido um ímã para aficionados, seguidores da moda que se inspiram em seu estilo – uma rica e carregada mistura de alta costura e cortes hippies que à primeira vista parecem ter sido misturados em um processador de alimentos.

Mas agora, aos 90 anos, ela parece confusa e claramente animada por se encontrar à beira do estrelato pop, uma celebridade improvável cuja fama foi construída quase que inteiramente em torno de seu visual. “Sou uma vedete geriátrica, minha querida, você não sabe”, disse ela um dia desses.

Relaxando em seu apartamento na Park Avenue, um banquete visual de rosas centifólias, casimiras e brocados, ela acrescentou: “De repente, eu fiquei em alta, descolada e com uma legião de fãs”.

Heterossexuais, gays, estudantes de arte e história social, turistas e adolescentes tagarelas e “até mesmo crianças”, observou ela, frequentam suas palestras, escrevem blogs sobre ela e enviem bilhetes carinhosos. E em setembro, Apfel, usando armações em forma de coruja que são sua marca registrada e enfeitada com âmbar falso, exercerá seu fascínio exótico no Meio-Oeste americano, vendendo pulseiras, lenços e pérolas de sua própria criação no Home Shopping Network.

O visual voluntariamente ímpar de Apfel, e a sagacidade ácida por trás dele, será tema de um filme, bem como um documentário de Albert Maysles, cujo filme 'The Beales of Grey Gardens’ transformou a reclusa Edie Beale em um nome familiar. O carisma de Apfel, uma mistura de paixão, energia e determinação, atrai Bradley Kaplan, presidente de produtos da Maysles Films.

“Ela tem uma força de vontade maravilhosa, tem opinião e vontade própria”, disse Kaplan. “Ela não é prolixa”.

Ele acrescenta: “Seus óculos tornaram-se de fato uma metáfora para seus olhos e, através deles, descobrimos outra maneira de olhar para nosso próprio mundo”. Apfel tem em um excesso o que o público contemporâneo parece desejar: originalidade, espírito livre – e astúcia para transformar sua marca de excentricidade em uma mercadoria vendável.

Ela espera ter um pouco de ajuda, é claro. “Nunca pensei que na minha velhice eu teria de encontrar um advogado do entretenimento”, disse ela em um tom tão seco quanto um papel de arroz.

Ela não precisa dessa orientação em matéria de sentimento. Apfel é a curadora perspicaz de seu próprio guarda-roupa. Organizado e arrumado em um grande armazém próximo, esse guarda-roupa incorpora peças que celebram os pontos altos de sua vida. “Ela é uma grande contadora de histórias”, disse Mindy Grossman, chefe-executiva da HSN. “Tudo que ela usa a faz lembrar uma história”. Sobre seus óculos, Apfel disse: “Eles são um equipamento padrão e me acompanham sempre”.

Por Ruth La Ferla, de Nova York, The New York Times News Service/Syndicate

Chester Higgins Jr./The New York Times (Texto)

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